Os dados de importação de vinhos pelo Paraguai mostram o forte impacto da quarentena, e das fronteiras fechadas, na economia do país. No ano passado, o Paraguai registrou uma queda vertiginosa na importação de espumantes e champanhes. Nos vinhos tranquilos, a queda foi significativa em valor, mas teve um crescimento em volume, com os paraguaios consumindo mais a bebida.
Assim como no Brasil, os nossos vizinhos elegeram o vinho como a bebida da quarentena. Focaram o seu consumo, principalmente, nos rótulos mais baratos. É o que mostram os números recém-tabulados.
Em dólar, a importação de champanhes e espumantes registrou uma queda de 54,8%, chegando a US$ 2.008.006,4, em valores FOB. Em volume, a queda é até mais acentuada, com uma quantidade 66,9% menor, somando 31.029,9 caixas de 9 litros da bebida. Nos vinhos tranquilos, houve uma redução de 13,6% em valores FOB, somando US$ 31.344.470,7. Em volume, no entanto, teve uma alta de 16,8%, com 2.890.712,9 caixas de 9 litros importadas pelo país.
Essa diferença entre valor e volume nos vinhos tranquilos importados é explicada porque o consumidor paraguaio optou por consumir os vinhos mais baratos. A categoria de vinhos de até US$ 9,90 a caixa de 9 litros registrou uma alta de 52,8% em volume. Em todas as demais faixas de preço, foi registrado uma queda na importação. Vale lembrar que estes vinhos mais baratos não são aqueles que entram pelas fronteiras brasileiras. Os vinhos do descaminho costumam ser de faixas de preço mais caros e nomes de vinhos mais renomados.
Um exemplo são os vinhos espanhóis. A Marques de Riscal, uma das vinícolas premium do país, registrou uma queda de 37,5% em volume de garrafas e de 37% em valor em suas vendas para o Paraguai. O valor FOB da caixa de 9 litros da vinícola é de US$ 93,8. A AAlto, outra grife nos tintos espanhois, teve queda de 28,6%, em volume, e de 30,7%, em valor. Aqui a caixa de vinho é exportada para o país vizinho por um preço FOB de US$ 150,8.
Nos espumantes, a França, terra dos grandes champanhes, foi o país com maior retração nas importações paraguaias. Foi uma redução de 59,2% em volume, passando de 12.423,2 caixas de 9 litros, vendidas para o Paraguai em 2019, para 5.074 caixas de 9 litros no ano passado. Em valores, a redução foi de 45,3%. Nos vinhos tranquilos, o país que mais vendeu vinhos para o Paraguai foi a Argentina, o único entre os 10 maiores exportadores que teve aumento tanto em volume como em valor. Em volume, a alta foi de 41,3%, chegando a 2.005.095,3 caixas de 9 litros. Em valor, a alta das vendas argentinas atingiu 9,6%, somando a US$ 15.114.996,3 FOB. Novamente a discrepância entre volume e valor indica o caminho para os vinhos mais baratos. Em seguida está o Chile, com queda de 33,4% e 31,1%, respectivamente em volume e em valor. Em terceiro, está o Brasil, que vendeu 26,2% mais em volume para os nossos vizinhos, mas com queda de 2,8% em valor das nossas exportações.