A venda dos espumantes brasileiros foi a grande – e positiva – surpresa do mercado de vinhos em agosto. As vinícolas nacionais venderam 3,4 milhões de litros deste estilo de vinho no mês, um volume 130% maior do que o registrado em agosto de 2020.
Esta alta era esperada para o mês de setembro, quando tradicionalmente os lojistas começam a se abastecer para as vendas de final de ano. Mas começou mais cedo, o que pode indicar que os estoques do comércio estão em baixa ou que muitos players estão começando a se abastecer, preventivamente, mais cedo neste ano. Há um certo temor de que a falta de insumos, principalmente de garrafas, atrapalhe a entrega dos vinhos encomendados.
O fato é que este resultado impactou positivamente no resultado do mês. Se somarmos todos os vinhos comercializados em agosto, entre os vendidos pelas vinícola nacionais e os importados, o volume foi 2,5% menor do que agosto de 2020, e 35% acima do que agosto de 2019.
O período entre janeiro e agosto de 2021 representou um total de 306,3 milhões de litros de vinho, volume apenas 2% abaixo do que os 313,3 milhões de litros registrados em igual período do ano passado. Neste período, a comercialização dos rótulos brasileiros registrou uma queda de 10,5%, enquanto as importações tiveram alta de 20,4%.
Se analisarmos o ano móvel, de setembro de 2020 a agosto de 2021, comparado com setembro de 2019 a agosto de 2020, há um crescimento de 5% na soma total entre vinhos brasileiros e importados. São 494,2 milhões de litros no período mais recente, contra 469,1 milhões de litros do ano móvel anterior.
Com os espumantes em alta, a porcentagem entre o mercado de vinhos nacionais e importados passou de 74% (nacionais) e 26% (importados) em agosto. No acumulado do ano, está porcentagem está em 67% para os brasileiros e 33% para os importados.
No acumulado de janeiro a agosto, além do crescimento de 62% dos espumantes brasileiros, há uma alta de 39% nos vinhos finos nacionais e de 21% nos vinhos importados. Os champanhes e espumantes importados registram uma alta de 5% no período. A queda é dos vinhos de mesa, com redução de 18% no período, mas este volume é menor do que o previsto, indicando para uma também possível reação do setor.
Se a análise for para o ano móvel, entre setembro de 2020 e agosto de 2021, comparado com igual período anterior, há uma alta de 55% dos vinhos finos brasileiros; de 29% nos importados e de 19% nos espumantes brasileiros. Em queda estão os champanhes e demais espumantes importados, com 13%, e os vinhos de mesa, com 10%. Neste período, a participação dos vinhos de mesa se reduz de 66% para 57%. Os importados passam de 29% para 35% e os vinhos finos, de 6% para 8%. Apesar desta redução de 2,5%, os números ainda impressionam, principalmente quando comparado com 2019, melhor ano para o mercado antes da pandemia. Mas há pontos de preocupação no radar. Entre eles, estão os custos crescentes com container e com o frete internacional. Há também atrasos nas saídas e chegadas de navios e alguns portos ainda fechados, na Ásia. E o temor de falta de insumos, principalmente as garrafas, como aconteceu no final do ano passado, não foi afastado.