Por Suzana Barelli
O interesse crescente pelos vinhos brasileiros não acontece apenas no mercado interno. Nos últimos anos, os produtores brasileiros também estão aumentando as suas exportações de vinhos e, principalmente, de espumantes.
Desde 2015, as vendas das vinícolas para o mercado internacional vem apresentando crescimento, com uma pequena queda de 1,4% em 2020. Este recuo pode ser visto como resultado direto dos entraves do início da quarentena. Portos e escritórios fechados foram alguns dos problemas enfrentados, principalmente, no início da quarentena.
Seis anos atrás, no período de janeiro a julho de 2015, o Brasil exportou 91 mil caixas de 9 litros de vinho. O volume foi aumentando até chegar em 275,6 mil caixas nos sete primeiros meses de 2019. Agora, no acumulado dos sete primeiros meses de 2020, foram exportadas 271,7 mil caixas de 9 litros.
O Brasil exporta vinhos, espumantes e mostos. Desta relação, os vinhos são o produto mais exportado, com 238,1 mil caixas de 9 litros nos sete meses de 2020. Na comparação com o mesmo período de 2015, é um aumento de 211,3%. Mas, quando analisado o período de janeiro a julho de 2019, houve uma retração de 1,6% nos vinhos embarcados.
São os espumantes que lideram a tendência de alta, indicando que no exterior é o produto mais procurado pelo consumidor amante de vinhos. De 2015 a 2020, o aumento destas exportações foi de 385,8%. Na comparação com igual período de 2019, o crescimento está em 16%, somando 34,4 mil caixas de 9 litros.
Em valores, aqui sempre considerado o US$ FOB, o crescimento vinha consistente até 2019, mas apresenta queda de 13,8% nos sete meses do ano na comparação com janeiro a julho deste ano deste ano. Saímos de US$ 1,9 milhão nos primeiros sete meses de 2015 para US$ 4,8 milhões em igual período de 2019. Nos sete primeiros meses de 2020, o valor com as exportações está em US$ 4,2 milhões.
Os espumantes, ainda, são comercializados com um preço mais alto do que os vinhos e os mostos, indicando que nesta categoria o Brasil consegue exportar produtos de maior valor agregado. Nestes primeiros sete meses do ano, o preço da caixa de 9 litros está em US$ 28,9 para os espumantes. Os vinhos são vendidos por US$ 13,5 a caixa de 9 litros, e em queda. Em 2015, mesmo com o volume menor, os espumantes brasileiros eram exportados por US$ 41,4 a caixa de 9 litros. O valor chegou ao pico de US$ 62,3 a caixa de 9 litros em 2017. Nos vinhos, com exceção de 2016, o valor da caixa de 9 litros sempre ficou abaixo dos US$ 20. Em 2016, foi de US$ 23,2 a caixa. Em uma conta simples, a caixa de 9 litros equivale a 12 garrafas de 750 ml. Ou seja, o Brasil nunca conseguiu superar a barreira de US$ 2 na exportação de vinhos tranquilos ao contrário dos espumantes, que superam esta faixa.
Os Estados Unidos são o principal destino dos nossos espumantes. No ano passado, 53,1% do total exportado foi despachado para este país. Nos sete meses de 2020, a participação dos Estados Unidos aumentou e passou para 69,8%, com 25,6 mil caixas de 9 litros e US$ 675 mil. Em segundo lugar está a China, com 10% de participação (3,2 mil caixas de 9 litros e US$ 102 mil) e, em terceiro, a França, com 3% (641 caixas e US$ 28,7 mil). Na relação dos dez países para quem o Brasil mais exporta se completa com Japão, Reino Unido, Paraguai, Nigéria, Uruguai, Alemanha e Panamá.
Mas quando analisados os vinhos tranquilos, o ranking dos países muda. O maior mercado para os vinhos brasileiros é o vizinho Paraguai, que tem 61,4% de participação neste ranking. O Paraguai compra 180,3 mil caixas de 9 litros, o que soma US$ 1,97 milhão. Aqui se concentram os vinhos mais simples – o valor médio da caixa de 9 litros é de US$ 11 – e o Brasil vem sofrendo a forte concorrência da Argentina, com os seus vinhos em embalagem tetrapak.
Em seguida está os Estados Unidos, com 9,6% do mercado, o equivalente a 14,8 mil caixas e US$ 310 mil. Aqui, o preço médio da caixa de 9 litros é de US$ 20,9. Em terceiro lugar está a China, com 9,6% de mercado. Os chineses importam do Brasil 6,7 mil caixas de vinho, por um valor de US$ 234, 9 mil. E pagam o maior preço médio pela caixa de 9 litros: US$ 35,1.
Sobre a origem dos vinhos brasileiros, o Rio Grande do Sul é o estado que mais exporta tanto vinhos como espumantes, e nem poderia ser diferente. O estado líder na produção de vinhos detém 91% de participação nas exportações. É seguindo por São Paulo, com 4% das exportações e, em seguida, está o Paraná, com 1,2%.