Uma onda de preocupação tomou conta de Brasília após o anúncio da Casa Branca de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, com vigência a partir de 1º de agosto de 2025. A medida, imposta pelo presidente Donald Trump, promete reconfigurar as relações comerciais entre as duas maiores economias das Américas, impactando diretamente o setor exportador brasileiro.
A nova taxação incide sobre uma vasta gama de produtos, com especial atenção aos de maior valor agregado, podendo inviabilizar a entrada de diversos itens brasileiros no mercado americano. Os Estados Unidos representam o segundo maior destino das exportações do Brasil, atrás apenas da China. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,3 bilhões para os EUA, o equivalente a 12% do total de suas vendas externas, com destaque para Petróleo Bruto e Derivados, e Produtos Siderúrgicos.
Vinho em Risco: Impacto na Indústria Vitivinícola
A “guerra tributária” não poupará a indústria vitivinícola brasileira. Em 2024, as exportações de vinho para os EUA movimentaram US$ 1,1 milhão e 46,7 mil caixas de 9 litros. Embora esse volume já tenha sido maior, atingindo US$ 2,4 milhões em 2022, o impacto da nova tarifa é motivo de alerta. Os EUA são o segundo maior importador de vinhos brasileiros, ficando atrás apenas do Paraguai.
A situação é ainda mais crítica para a categoria de espumantes. Em 2024, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações brasileiras de espumantes, respondendo por mais de 20% do valor total exportado, com US$ 394,4 mil e 12,2 mil caixas de 9 litros. Vale ressaltar que, em 2021, o volume de espumantes exportados para os EUA chegou a US$ 2,1 milhões.
Apesar de as exportações de espumantes representarem apenas 0,5% do volume total comercializado internamente pelo Brasil (aproximadamente 3,4 milhões de caixas de 9 litros), o impacto é significativo. O setor tem feito investimentos consideráveis para ganhar notoriedade e representatividade no maior mercado importador de vinhos do mundo, e a nova tarifa ameaça os esforços de expansão.
Potencial de Retaliação e o Cenário Global
A delicada balança comercial entre os dois países pode pender ainda mais com uma possível retaliação por parte do governo brasileiro. Em 2024, o Brasil importou dos Estados Unidos aproximadamente US$ 10,8 milhões em vinhos e espumantes, totalizando 184,2 mil caixas de 9 litros, o que corresponde a 0,5% do valor total importado pelo Brasil na categoria.
No cenário global de importação, os Estados Unidos são um dos maiores compradores, tendo importado US$ 292,3 bilhões nos últimos anos. A China é seu principal fornecedor (15,2%), seguida por México (15,1%) e Canadá (12,1%). O Brasil ocupa a 17ª posição, com uma participação de 1,23%.
Especificamente para vinhos, os EUA importaram US$ 6,8 bilhões no último ano, com França e Itália respondendo por quase 70% desse valor. O Brasil, nessa categoria, ocupa a 34ª posição, com uma participação marginal de 0,02%.
Quanto às exportações americanas de vinhos e espumantes, o valor total exportado foi de US$ 1,3 bilhão, tendo o Canadá como maior destino (33,6%), seguido pelo Reino Unido (12,9%). O Brasil, nesse fluxo, representa 0,15% das exportações americanas, na 42ª posição.
A imposição dessas tarifas eleva a tensão diplomática e econômica entre os dois países, prometendo desdobramentos significativos para o comércio internacional e a indústria brasileira.