A Covid-19 começou a impactar o mercado de vinho em março do ano passado. Foi em meados daquele mês que os restaurantes fecharam suas portas pela primeira vez, e que o setor se viu, de um dia para o outro, sem um dos seus principais canais de venda para brancos e tintos. E esse é apenas um exemplo do que aconteceu neste um ano de pandemia.
Com os dados consolidados do primeiro bimestre deste ano, temos a série histórica de um ano de importação e venda de vinhos sob a influência do coronavírus. Neste período compreendido entre março de 2020 a fevereiro de 2021, comparado com os 12 meses imediatamente anterior, ou seja, de março de 2019 a fevereiro de 2020, as importações tiveram uma alta de 29,4%, totalizando 17,4 milhões de caixas de 9 litros. Os vinhos tranquilos impulsionaram esse crescimento, com alta de 31,7% em volume, enquanto os espumantes registraram queda de 20,5% e os champanhes, de 22,8%.
Em valores (US$ FOB), também teve crescimento. A importação obteve um aumento de 17,8% nestes 12 meses, comparado com igual período anterior, totalizando US$ 436,4 milhões. Novamente os vinhos tranquilos impulsionaram o setor, com alta de 20,4%, enquanto os espumantes tiveram uma retração de 23,9%, e os champanhes, de 18,2%.
Nesse período, as importadoras tradicionais conquistaram uma participação de 58,5% do total das compras de vinhos no exterior. Os supermercados, um dos canais de venda de maior procura durante a quarentena, ficaram com 31,4% desse mercado. E as empresas de e-commerce, com 9,7%.
Os vinhos tranquilos foram o destaque nesse período. O Chile segue como o líder, com 43,4% de participação de mercado nos últimos 12 meses, de março de 2020 a fevereiro de 2021. A importação dos rótulos do país andino cresceu 37%, em volume, e 18,1% em valor. Em segundo lugar, está Portugal, com uma participação de 16,5% entre os importados, com alta de 27,5%, em volume, e 30,8%, em valor. Em terceiro lugar, segue Argentina, também com 16,5% de participação, muito próxima de Portugal. Aqui, a alta de volume foi de 44,5% e, de valor, de 28,4%.
Vale destacar que quando analisamos o ano inteiro de 2020, a Argentina terminou em segundo lugar, ultrapassando Portugal nos últimos meses do ano e colocando o país europeu na terceira posição do ranking. Em seguida, vem a Itália, em quarto lugar, com 8,3%, de participação, e depois a França, com 6,3% de participação de mercado entre a origem dos vinhos importados pelo Brasil.
Além do ranking dos países, vale também conhecer quais as marcas líderes nos vinhos, espumantes e champanhes. As marcas são listadas pelo valor desembolsado em suas importações e não pelo volume. Sobre os rótulos de vinhos chilenos, o mais importado para o Brasil foi o Concha Y Toro Reservado; seguido pelo Casillero del Diablo Reserva; duas marcas da gigante Concha Y Toro. Em terceiro lugar está Santa Carolina Reservado; em quarto o vinho Chilano e, em quinto, o Santa Helena Reservado.
No ranking das importadoras, a VCT Brasil lidera, seguida pelo Grupo Pão de Açúcar; depois pela Interfood, pela Cantu e pela Casa Flora.
Na Argentina, esse ranking é liderado pela marca Concha Y Toro Reservado Malbec, que é elaborado na Argentina, seguido por Benjamin, da vinícola Nieto Senetiner. O Trapiche Vineyards, do grupo Penaflor, ocupa a terceira posição, seguido por mais uma marca da Concha y Toro, o Trivento Reserve. Em quinto lugar está o Toro Centenário, da Fecovita. No ranking dos importadores de rótulos argentinos, a liderança é da VCT Brasil, seguida pelo Grupo Pão de Açúcar, pela Mistral, pela Wine.com.br e, em quinto, pela Grand Cru.
Em Portugal, a relação das cinco maiores marcas de vinhos tranquilos para o Brasil, em valor de importação, é formada pela Aveleda, com o vinho Casal Garcia, em primeiro lugar, seguida por Periquita. Em terceiro e quarto lugar estão duas marcas da Fundação Eugénio de Almeida, a EA Regional e a Cartuxa. Em quinto lugar está o Quinta dos Bons Ventos, produzido pela Casa Santos Lima. Os importadores, por sua vez, são: Adega Alentejana, em primeiro lugar; seguida pela Interfood, em segundo; pela Qualimpor. O Grupo Pão de Açúcar, em quarto, e a Wine.com.br, em quinto, completam o ranking dos cinco maiores.
Quando o assunto é o vinho do Porto, a liderança está com a Sogrape, famosa pela Casa Ferreirinha, seguida pela Messias, Taylor’s, Comenda e Graham’s. No ranking dos importadores, em primeiro lugar está o Grupo Pão de Açúcar, seguido pela Casa Flora, pela Qualimpor, pela Mistral e pelo grupo Big Brasil.
Nos champanhes, mesmo com a queda de importação, a liderança continua com a Moet Hennessy do Brasil, do grupo francês LVMH. A Moet & Chandon segue como o champanhe mais importado, mesmo com a queda de 23,9% em volume e de 17,4% em valor, responsável por 30,3% dos champanhes importados. Em seguida, está a Veuve Clicquot, também da LVMH, com 28,4% do mercado. Taitinger, com 15,1%; Perrier Jouet, com 4%, e Louis Roederer, com 3,3%, completam o ranking dos cinco primeiros.
Entre os importadores de champanhe, a Moet Hennessy do Brasil mantém a liderança com 61,2% do mercado, mesmo com a queda de 16% tanto em volume, como em valor. Em segundo lugar está a Interfood, com 15% do mercado e alta de 12,8%, em volume, e de 15,7%, em valor. E em terceiro a Pernod Ricard Brasil, com uma participação de 4,2%, e queda de 58,3% em volume e 66,9% em valor.
Nos espumantes, a Espanha lidera a exportação deste estilo de borbulhas para o Brasil. Tem 34% de participação; seguida pela França, com 22,7%; Itália, com 21,1%; Argentina, com 11,7% e Chile, com 6,3%. Apenas a Espanha registrou uma pequena alta, de 1% em volume, e queda de 3,5%, em valor. Nos demais países, a exportação de espumantes para o Brasil registrou queda tanto em volume como em valor.
Sobre as marcas, a Freixenet segue na liderança, com alta de 40,3% em volume e 27,4% em valor, e uma participação de 19,2% entre os espumantes importados. Em seguida, sempre com participações menores de mercado, sempre abaixo de 5%, estão a Bodegas Lozano, em segundo; a J.Garcia Carrion, em terceiro; seguida pela Breban e pela Cepas Argentinas, entre as cinco marcas mais importadas. Entre os importadores de espumantes, a liderança é da Freixenet Brasil, com 19,9% de mercado, seguida pela Evino, pelo Grupo Pão de Açúcar; pela Wine.com.br e pela Casa Flora.
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